13 de março de 2011

Vivendo a Quaresma - 1º Domingo


A Quaresma é um tempo sagrado para cada um de nós, aprofundar  o Plano de Deus e rever a nossa vida cristã.
Somos convidados pelo Espírito a fazer a experiência do deserto para nos fortalecermos nas TENTAÇÕES, que nos pretendem  afastar dos planos de Deus.

No início da nossa caminhada quaresmal, a Palavra de Deus convida-nos à “conversão” ou seja,  a recolocar Deus no centro da nossa existência, a aceitar a comunhão com Ele, a escutar as Suas propostas, a concretizar no mundo, no nosso mundo, os seus projectos.

A 1ª Leitura apresenta-nos  a tentação de Adão e Eva (Gen 2,7-9.3,1-7)

O autor sagrado não tem em mente fazer uma descrição histórica ou científica da criação, mas faz uma Catequese sobre a Origem do Mundo e da Vida.
- O Homem vem "da terra", mas recebe também o "sopro de Deus".
- Deus criou o homem para ser feliz, em comunhão com Deus  e indica-lhe o caminho da imortalidade e da vida plena.
- As escolhas erradas do homem,  destroem a harmonia no mundo e é a Origem do Mal.
Debruçemo-nos sobre algumas passagens do texto da 1ª Leitura.

"Jardim, plantas, água abundante": é o ideal de felicidade  desejado por um povo que vive os rigores da aridez do deserto.
"Árvore da vida": símbolo da imortalidade concedida ao homem.
"Árvore do conhecimento do bem e do mal": representa a auto-suficiência  de quem busca a própria felicidade longe de Deus.
"Nus": Despojados da dignidade inicial (viver nu é a condição dos animais).
"A Serpente": representa a Religião Cananéia, que cultuava a serpente. Por ela, os israelitas eram tentados a abandonar o caminho exigente da Lei.  É símbolo de tudo o que afasta os homens de Deus e de suas propostas.
Em resumo:
Deus criou o homem para a felicidade e para a vida plena.
No entanto o homem preferiu construir o "paraíso" a seu modo.
Rompendo com o projecto de Deus, "sentiu-se nu", despojado dos dons de Deus, incapaz de ser feliz.
A 2ª Leitura propõe-nos dois exemplos: Adão e Jesus. (Rm 5,12-19)

Adão representa o homem que escolhe ignorar as propostas de Deus e decidir, por si só, os caminhos da salvação e da vida plena;
Jesus é o homem que escolhe viver na obediência às propostas de Deus.
A acção de Adão gera egoísmo, sofrimento e morte;  a acção de Jesus gera vida plena e definitiva.
Hoje, exalta-se o individualismo e a auto-suficiência.
No entanto, onde nos leva esta cultura que prescinde de Deus e das suas propostas?
A mentalidade moderna faz surgir um homem mais feliz, ou tem potenciado a existência de homens  sem referências, fragilizados, dependentes, alienados?
Que estamos dispostos a fazer para que Deus volte a estar no centro da história?
O Evangelho fala das tentações de Jesus. (Mt 4,1-11)

Na sua quaresma, no DESERTO, Jesus é tentado três vezes a abandonar o plano de Deus e a procurar outros caminhos, mas Ele recusa, mantém-se fiel.
Os 40 dias simbolizam os 40 anos passados por Israel no deserto.
Jesus revive a experiência da fome e da confiança do povo na Providência divina.
Tentação da Abundância (do ter)

Jesus é tentado a transformar as pedras em pães, como no tempo do Maná.
Jesus vence a prova, demonstrando a necessidade essencial de alimentar-se da Palavra de Deus: "Nem só de pão vive o homem..."
Tentação do Prestígio

Jesus podia ter escolhido um caminho de êxito fácil, mostrando o seu poder através de gestos espectaculares, sendo admirado e aclamado pelas multidões.
Jesus rejeita todo o desejo de prestígio e afirma: "Não tentarás o Senhor teu Deus"
Tentação do Poder

Jesus podia ter escolhido um caminho de poder, de domínio.
No entanto, Jesus rejeita essa tentação, afirmando: "Só a Deus adorarás".
As três tentações apresentadas no Evangelho são três faces de uma única tentação:
ignorar as propostas de Deus e escolher um caminho pessoal.

Hoje somos tentados a esquecer as propostas de Deus e seguir outros deuses.
A Quaresma é um tempo favorável para rever quais são os ídolos, que adoramos no lugar de Deus e limitam as nossas decisões e opções.

As tentações continuam ainda...  Acontecem àqueles que querem seguir Jesus!
Qual é a minha (a nossa) atitude diante delas?

Deixar-me conduzir pela tentação dos bens materiais, do acumular mais e mais, do subordinar toda a vida à lógica do “ter mais”… é seguir o caminho de Jesus?
Olhar apenas para o meu  conforto, a minha comodidade, fechar-me à partilha, malbaratar os meus bens em coisas supérfluas… é seguir o exemplo de Jesus?

Usar Deus ou os Seus dons para saciar a minha vaidade, para promover o meu êxito pessoal,  para brilhar,  para dar espectáculo,  para levar os outros a baterem-me palmas… é seguir o exemplo de Jesus?

Procurar o poder a todo o custo (às vezes, entregando ao diabo os valores mais importantes e as minhas convicções mais sagradas) e exercê-lo com autoritarismo (quantas vezes humilhando e magoando os outros)… é seguir o exemplo de Jesus?

Em cada dia, decidimos viver. Decidimos comer, trabalhar, repousar.
Em cada dia, diante de tantas contrariedades, é preciso assumir, ultrapassar e decidir.
Em cada dia, nós baptizados, decidimos crer, rezar, viver segundo o Evangelho
Muitos, talvez até na nossa família, decidiram de modo diferente.
Nesta primeira semana da Quaresma, decidamos dar um passo em frente e ir ao encontro de Deus.
Com a liberdade dos filhos de Deus, caminhemos com Ele!

3 comentários:

licínia disse...

Obrigado por estes momentos.
Abraço,
Licínia

Vitor Hugo disse...

De referir que o texto não é meu... mas sim do senhor meu pai!

licínia disse...

Já imaginava (não é que não tivesses inspiração para o escrever.Obrigado aos dois!