A Quaresma, sendo um tempo de penitência e de conversão, é também, um tempo de preparação para os baptismos, que vão acontecer Vigília Pascal. Era assim na Igreja primitiva e é assim nos nossos dias.
Por isso, nestes três domingos, que antecedem a Semana Santa, aparece sempre o tema do Baptismo com os símbolos:
- da Água, no diálogo com a SamaritanaPor isso, nestes três domingos, que antecedem a Semana Santa, aparece sempre o tema do Baptismo com os símbolos:
- da Luz, na Cura do Cego
- da Vida, na ressurreição de Lázaro
A ÁGUA, que representa o milagre da VIDA, está no centro da Liturgia deste Domingo.
Água no sentido material, que acalma temporariamente a sede física, na 1ª leitura, e a água no sentido figurado, que jorra para a vida eterna, saciando plenamente a nossa sede de felicidade, no Evangelho.
1ª Leitura – Ex 17,3-7
O texto que nos é proposto pertence às chamadas “tradições sobre a libertação”.
São de tradições que narram a libertação dos hebreus do Egipto (por acção de Jahwéh e do seu servo Moisés) e a caminhada pelo deserto até ao Sinai.
Este episódio reproduz as vicissitudes e as dificuldades da caminhada histórica do Povo de Deus.
Desde que o Povo fugiu do Egipto, até chegar a Massa/Meribá, segundo os autores do relato, o Senhor Deus manifestou, de variadíssimas formas, o Seu amor por Israel.
Exemplo disso foi a travessia do mar (cf. Ex 14,15-31), foi o episódio da água salobra transformada em água doce (cf. Ex 15,22-27), foi o episódio do maná e das codornizes (cf. Ex 16,1-20)…
São de tradições que narram a libertação dos hebreus do Egipto (por acção de Jahwéh e do seu servo Moisés) e a caminhada pelo deserto até ao Sinai.
Este episódio reproduz as vicissitudes e as dificuldades da caminhada histórica do Povo de Deus.
Desde que o Povo fugiu do Egipto, até chegar a Massa/Meribá, segundo os autores do relato, o Senhor Deus manifestou, de variadíssimas formas, o Seu amor por Israel.
Exemplo disso foi a travessia do mar (cf. Ex 14,15-31), foi o episódio da água salobra transformada em água doce (cf. Ex 15,22-27), foi o episódio do maná e das codornizes (cf. Ex 16,1-20)…
Estes episódios, demonstram o empenho de Deus em conduzir o seu Povo para a liberdade, transformando a experiência de morte numa experiência de vida…
Depois dessas experiências, Israel não deveria ter qualquer dúvida sobre o seu projecto de libertação. Mas isso não aconteceu. E eis que perante as dificuldades da caminhada, o Povo esquece tudo e tem dúvidas. A falta de confiança em Deus conduz ao desespero e à revolta; chega até a suspeitar que a libertação do Egipto possa ter sido uma armadilha.
As últimas palavras da leitura, são a síntese da provocação do povo: «O Senhor está ou não no meio de nós?».
A este desafio, Deus que entende a fragilidade humana e sabe que há momentos nos quais é difícil continuar a acreditar, ouve os protestos do Povo e convida Moisés a pegar na vara (a mesma vara com que fustigou o Nilo) e ordena-lhe que faça brotar água da rocha. Deus poderia ter resolvido o problema da falta de água sugerindo ao Povo que seguisse a direcção de um oásis ou indicando onde escavar um poço, acção que originaria a acção do próprio Povo. Mas não!
Escolheu a forma de um sinal prodigioso para mostrar aos israelitas que a água não era produto dos seus esforços, da sua habilidade: era um dom de Deus e era absolutamente de graça.
O local onde este episódio aconteceu tomou o nome de Massa e Meriba, palavras que em hebraico, significam tentação e discussão.
Depois dessas experiências, Israel não deveria ter qualquer dúvida sobre o seu projecto de libertação. Mas isso não aconteceu. E eis que perante as dificuldades da caminhada, o Povo esquece tudo e tem dúvidas. A falta de confiança em Deus conduz ao desespero e à revolta; chega até a suspeitar que a libertação do Egipto possa ter sido uma armadilha.
As últimas palavras da leitura, são a síntese da provocação do povo: «O Senhor está ou não no meio de nós?».
A este desafio, Deus que entende a fragilidade humana e sabe que há momentos nos quais é difícil continuar a acreditar, ouve os protestos do Povo e convida Moisés a pegar na vara (a mesma vara com que fustigou o Nilo) e ordena-lhe que faça brotar água da rocha. Deus poderia ter resolvido o problema da falta de água sugerindo ao Povo que seguisse a direcção de um oásis ou indicando onde escavar um poço, acção que originaria a acção do próprio Povo. Mas não!
Escolheu a forma de um sinal prodigioso para mostrar aos israelitas que a água não era produto dos seus esforços, da sua habilidade: era um dom de Deus e era absolutamente de graça.
O local onde este episódio aconteceu tomou o nome de Massa e Meriba, palavras que em hebraico, significam tentação e discussão.
A caminhada dos hebreus pelo deserto é parecida com a nossa caminhada pela vida.
Cada um de nós, certamente que já fez a experiência do contacto com Deus que liberta e que salva. E quantas vezes, ao longo da travessia do deserto que é a nossa vida, somos confrontados com a nossa pequenez e as nossas limitações…
Por vezes o sofrimento e o desencanto fazem-nos duvidar da bondade de Deus, do seu amor, do seu projecto para nos salvar e para nos conduzir em direcção à verdadeira felicidade.
A Palavra de Deus deste domingo garante-nos duas coisas:
- Deus nunca abandona o seu Povo que caminha pela história…
- Ele está ao nosso lado, em cada passo da caminhada, para nos oferecer gratuitamente e com amor a água que mata a nossa sede de vida e de felicidade.
2ª Leitura – Rom 5,1-2.5-8
Quando Paulo escreve a carta aos Romanos, está a terminar a sua terceira viagem missionária e prepara-se para partir para Jerusalém. Estamos por volta do ano 57 ou 58.
O Apóstolo sentia que tinha terminado a sua missão no oriente (cf. Rom 15,19-20) e era seu desejo levar o Evangelho a todo o lado, nomeadamente ao ocidente.
Na carta, Paulo reafirma que Deus derrama sempre o Seu Amor nos nossos corações.
O texto de hoje, convida-nos a contemplar o amor de Deus que nunca desiste dos homens e que sempre encontrou formas de ir seu encontro, de caminhar com eles.
Hoje, Deus continua a amar e a fazer propostas de vida. Continua a manifestar um amor gratuito e incondicional, que se traduz na dádiva de dons não merecidos, mas que, uma vez acolhidos, conduzem à felicidade total.
Nos tempos em que vivemos parece estar na moda uma atitude de indiferença a Deus, ao Seu amor e às Suas propostas.
Preocupamo-nos mais com os resultados da última jornada da Liga de futebol, com a “telenovela das nove”, com as quedas ou subidas da Bolsa, com a crise política, com a existência de uma “geração à rasca” que não vê um caminho rápido e seguro para conseguir uma carreira profissional do que com Deus e com o Seu amor.
Nesta Quaresma, não será tempo de redescobrirmos Deus que nos ama, de reconhecermos o Seu empenho em nos conduzir à felicidade plena e de aceitarmos a proposta que Ele nos faz?
Evangelho – Jo 4,5-42
O Evangelho deste domingo situa-nos junto de um poço, na cidade samaritana de Sicar.
No centro da cena, está o “poço de Jacob”. À volta do “poço” movimentam-se as personagens principais: Jesus e a samaritana.
O “poço” representa a Lei e o sistema religioso à volta do qual girava a experiência religiosa dos samaritanos que no entanto eles próprios reconheciam insuficiente e procuravam a vida plena noutras propostas religiosas. Talvez por isso, Jesus fez referência aos “cinco maridos” que a mulher já tivera. Provavelmente é uma alusão aos cinco deuses dos samaritanos de que a Sagrada Escritura fala em 2 Re 17,29.
A mulher (aqui apresentada sem nome próprio, talvez seja interessante dar-lhe o nosso nome) representa a Samaria (a nossa sociedade), que procura desesperadamente a água que é capaz de matar a sede da vida plena. Ela dá-se conta de que essa água mata a sede por instantes mas porque não a sacia totalmente, volta a ter sede.
E eis a novidade que entra em acção – Jesus!
Ele senta-se “junto do poço” e oferece à mulher (Samaria) uma “água viva”, que matará definitivamente a sua sede de vida eterna.
No centro da cena, está o “poço de Jacob”. À volta do “poço” movimentam-se as personagens principais: Jesus e a samaritana.
O “poço” representa a Lei e o sistema religioso à volta do qual girava a experiência religiosa dos samaritanos que no entanto eles próprios reconheciam insuficiente e procuravam a vida plena noutras propostas religiosas. Talvez por isso, Jesus fez referência aos “cinco maridos” que a mulher já tivera. Provavelmente é uma alusão aos cinco deuses dos samaritanos de que a Sagrada Escritura fala em 2 Re 17,29.
A mulher (aqui apresentada sem nome próprio, talvez seja interessante dar-lhe o nosso nome) representa a Samaria (a nossa sociedade), que procura desesperadamente a água que é capaz de matar a sede da vida plena. Ela dá-se conta de que essa água mata a sede por instantes mas porque não a sacia totalmente, volta a ter sede.
E eis a novidade que entra em acção – Jesus!
Ele senta-se “junto do poço” e oferece à mulher (Samaria) uma “água viva”, que matará definitivamente a sua sede de vida eterna.
Jesus passa a ser o “novo poço”, onde todos os que têm sede encontrarão resposta para a saciar.
A “água viva” de que Jesus fala faz-nos pensar no baptismo.
Para cada um de nós, esse foi o começo de uma caminhada com Jesus…
Nessa altura acolhemos em nós o Espírito que transforma, que renova, que faz de nós “filhos de Deus” e que nos leva ao encontro da vida plena e definitiva.
Neste Domingo, pergunto-me: A minha vida de cristão tem sido, verdadeiramente, coerente com essa vida nova que então recebi? O compromisso que então assumi ou outros por mim e que renovei no dia do Crisma, é algo esquecido e sem significado, ou é uma realidade que marca a minha vida?
Reparemos no pormenor do “cântaro” abandonado pela samaritana, depois de se encontrar com Jesus…
O “cântaro” representa tudo aquilo que nos dá acesso às propostas limitadas, falíveis e incompletas de felicidade.
O abandono do “cântaro” significa o romper com todos os esquemas de procura de felicidade egoísta, para abraçar a verdadeira e única proposta de Vida.
Nesta Quaresma, estou disposto a abandonar o “cântaro” da procura egoísta, parcial, incompleta, e a abrir o meu coração ao Espírito que Jesus me oferece uma vida nova?
A samaritana, depois de encontrar o “salvador do mundo” que traz a água que mata a sede de felicidade, não se ficou a gozar a sua descoberta. Ela correu para a cidade, a anunciar aos seus concidadãos a verdade que tinha encontrado.
Nesta Quaresma, eu sou, como ela, uma testemunha viva e entusiasmada da vida nova que encontrei em Jesus?
Durante a caminhada desta semana vou perguntar-me:
Tenho sede? De quê? De quem?
A que poço vou beber para matar a sede que sinto?
Sou capaz de gritar “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não sinta mais sede”